Quarta-feira, 9 de Abril de 2008

História da Ria de Aveiro (Parte 5)

Aqui postamos pela primeira vez este período a penúltima parte da História da nossa laguna. Esperemos que mais uma vez corresponda com as expectativas criadas pelos nossos seguidores habituais.
 Agora é a vez de Aveiro começar a entrar em recessão económica, não tão grande como a de Ovar, pois apesar de o cordão já quase ter separado o oceano da ria, ainda havia tráfego marítimo que sustentava, embora insuficientemente, a economia da região.
Mas o problema vai para lá das trocas comerciais. A falta de renovação das águas tem impacto na fauna e flora da ria.
Sendo este sistema principalmente ocupado por espécies de água salobra a estagnação das águas leva não só à falta de oxigenação da mesma como à diminuição da salinidade.
Apesar de existirem espécies muito resistentes a mudanças do meio nem todas resistem a este tipo de alterações acabando por perecer.
Este facto mais uma vez afecta a nível económico, e evidência disto são as alturas onde o sector da pesca entrou em crise.
Também nesta altura, no início 1757, a barra acaba por fechar, a crise instala-se no distrito.
A água já não é renovada, isto é, não é escoada para o oceano o que leva a uma subida da água desta laguna recém formada, provocando danos nas zonas mais próximas dos canais.
Por outro lado as águas estagnadas vão originando zonas pantanosas que atraem diversos agentes patogénicos, levando a uma maior proliferação de doenças, aumentando a taxa de mortalidade.
De forma a ultrapassar este problema houve várias tentativas para “quebrar” este cordão restabelecendo a ligação com o oceano, de forma a permitir a renovação das águas mas, todas elas se revelaram insuficientes, pois as areias removidas num dia de trabalho eram repostas numa noite.
No Inverno deste ano, aproveitando as fortes correntes que se faziam sentir devido a uma cheia, sob as ordens do capitão-mor de Ílhavo João de Sousa Ribeiro abriu-se um pequeno canal na zona da Vagueira.
Mas, o plano não ficou por aqui, o pequeno canal foi o início de uma nova barra temporária. O facto de ter sido escolhido a época de cheias para este trabalho era para que as fortes correntes que se fazia sentir na ria, alargassem o canal recém aberto, permitindo a criação de uma nova passagem entre o oceano e a Ria.
Este plano foi um grande sucesso e as correntes fizeram mais do que o esperado. A força contida durante quase um ano de enclausura foi a suficiente para não só alargar o canal, como aprofundar o mesmo.
Esta nova barra manteve-se navegável durante 8 anos e chegou a Mira a 1771, mais uma vez o dinamismo da região continuou o seu trabalho de reposição de areias, voltando a formar o cordão litoral.
Seis anos mais tarde uma nova tentativa de abrir uma nova barra falhou e, três anos depois desta última sucedeu-se a uma nova tentativa, também ineficaz. Estas últimas tentativas tinham sido já efectuadas sob a vistoria de engenheiros estrangeiros mas, nem mesmo o seu conhecimento foi o suficiente para resolver o problema.
Postado por riadeaveirohc às 12:01
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1 comentário:
De geoca a 10 de Abril de 2008 às 11:17
Sem dúvida! Nenhum trabalho está completamente correcto e devemos sempre trabalhar para o melhorar. Coisa que de certo vocês estão a fazer, pois é visível no vosso blog. Por isso continuem com este bom trabalho na divulgação da ria e das suas histórias. Eu no dia-a-dia também uso a denominação de ria. Contudo, e como profissional de geociências, não o posso fazer a nível académico e científico. Curiosamente a única fez que o fiz, levei zero no exame! De facto existe esse dualismo de Laguna ou Half-Delta. No entanto, a comunidade internacional da geociências denomina este fenómeno do litoral entre Espinho e Mira como sendo uma laguna fluvio-maritima, uma vez que é apoiada por 85% dos cientistas. Mais uma vez parabéns e força. Abraço.

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