Em 1784 todo o distrito entrava em recessão económica, os portos marítimos estavam abandonados, a actividade piscatória em crise e as grandes somas de dinheiro utilizadas para a abertura da barra haviam-se revelado infrutíferas.
Em 87 deste século a barra volta a fechar, voltando a trazer os mesmos problemas de anos anteriores. Cheias, inundações das zonas baixas do distrito, perda de fauna e flora, proliferação de doenças e aumento da taxa de mortalidade eram alguns dos problemas desta altura.
No ano seguinte é apelado à Rainha D. Maria I para que trate da sua situação mas nem mesmo com os seus esforços o problema é resolvido.
Em 1791 nova tentativa de abrir um novo canal para renovação das águas é efectuada mas mais uma vez sem qualquer resultado. O território tornava-se cada vez mais insalubre e para além das actividades que dependiam directamente do mar estarem quase paradas, também a agricultura estava a entrar em declínio.
No início do século XIX a miséria da população era geral mas, finalmente os poderes políticos decidem tomar acção, encarregando dois engenheiros para os trabalhos a elaborar na zona.
Desta forma o Coronel Reinaldo Oudinot e o Capitão Luís Gomes de Carvalho, abandonam as obras no Douro, elaborando um projecto de abertura e estabilização de uma barra para Aveiro.
Apesar de este ser o projecto mais sério face a este problema da região e, tendo estes dois engenheiros meios mais avançados para a elaboração do projecto, os diversos insucessos anteriores não levantavam a moral da população aveirense.
No início de 1805 o projecto elaborado é aprovado e em Maio deste ano dá-se início às obras que iriam possibilitar a abertura da barra.
Um ano após o início das obras dá-se a primeira tentativa de abertura da barra mas, sem sucesso mas, no ano seguinte uma nova tentativa com mesmo efeito é bem sucedida.
Em Abril de 1808 as obras finalmente acabaram e a barra estava agora aberta e fixada.
As águas finalmente foram escoadas e todos os problemas haviam desaparecido ou assim se pensava.
O porto mais uma vez tinha movimento, as salinas entraram novamente em funcionamento e as zonas baixas de Aveiro estavam uma vez mais secas.
Mas, o tempo não pára e a Ria continua a sofrer mudanças devido ao dinamismo da zona. Apesar de nesta altura se festejar a resolução do problema da abertura da barra não demorou muito até um novo surgir.
Agora, o maior problema é o assoreamento excessivo que, apesar não fechar a barra, atola os canais tornando-os inavegáveis, e não permite a renovação das águas nos extremos dos canais, alterando as propriedades dessas zonas.
Verificam-se já diversos problemas nas zonas com marinas, a chegada por água até à marina de Ovar tem-se tornado cada vez mais complicada com o passar do tempo, mesmo com as dragagens que já foram efectuadas.
Na Costa Nova também começam a notar-se problemas semelhantes. As areias têm-se depositado tanto naquela zona que não só as ilhas têm aumentado o tamanho como também começa a haver uma profundidade insuficiente na zona da marina.
E com isto perguntamo-nos se de facto está a ser realizado algum esforço para “salvar” esta Ria que, como já demonstrou, está intimamente ligada com o prosperar desta região e da qual o seu aproveitamento ainda está muito aquém das suas verdadeiras potencialidades.